quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Reforma Protestante - Âmago



“Mal sabia Leão V, quando estava se preparando para desfrutar de seu cargo, que seu papado seria o pará-raios de um movimento de reforma desencadeado por um jovem estudante aterrorizado por um raio em 1505.” (LINDERBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. p. 74.) Com estas palavras Lindemberg inicia o terceiro capítulo de seu livro, tal capitulo intitula-se “O amanhecer de uma nova era”. E tal posição é verdadeira, pois o então papa empossado Leão V jamais imaginou que justamente seu mandato sofreria por tantos problemas.


No ano de 1517, um monge, chamado Martin Luther, mudou todo o curso da Igreja cristã. Contudo, Martin Luther não foi o único que pensou em reformar a então Igreja Estatal Católica, houveram outras pessoas que sugeriram mudanças sinceras. E neste momento destacam-se os nomes de Wycliffe e Huss, além dos místicos (CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 247.). Todos estes tinham por horizonte o mesmo que nosso reformador principal, uma mudança dos hábitos eclesiásticos. Pensamentos ligados a corrupção da doutrina de Cristo deveriam ser derrubados para que a verdadeira Igreja de Cristo fosse instituída.


Quando fala-se da Reforma protestante deve-se ter por pano de fundo vários acontecimentos. Tais como a mudança geográfica, evocada da descoberta do continente américa, as mudanças politicas, oriundas da criação de nações-estado e abandono do estado universal, as mudanças econômicas, originado junto com as aglomerações em cidades o comércio foi um precursor da reforma, as mudanças sociais, que possibilitava a mudança de classe social tanto de pobres como de ricos, as mudanças intelectuais, que vieram juntamente com a Renascença (fins do século XIII e meados do século XVII) e as próprias mudanças religiosas que pregavam a diversidade religiosa. Pode-se considerar todos estes fatos como pano de fundo para o marco da Reforma Protestante. (CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. 2.ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. p. 247-250.)


Instigados pela tradução eclesiástica de Ec 9.1 (“Ninguém sabe se é digno do amor ou do ódio de Deus.” - LINDERBERG, Carter. As Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001. p. 82.) aqueles que deveriam ser representantes da graça divina tornavam-se advogados de acusação do povo. Pregavam a doutrina de retribuição, nela o homem, enquanto ser humano, deveria lutar, por meio das boas obras, para provar á Deus que era digno de ser salvo. Luther, por sua vez, demonstrando a interpretação correta da Escritura (HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. 7. ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003. p. 187) demonstra o que é central para a salvação, a fé. Também fundamentado no texto de Rm 1.17 - “dikaiosu,nh ga.r qeou/ evn auvtw/ avpokalu,ptetai evk pi,stewj eivj pi,stin, kaqw.j ge,graptai o de. di,kaioj evk pi,stewk zh,setai.” – O caráter justo que pertence a Deus é nele revelado a partir da fé em fé, assim como foi escrito: o justo a partir da fé viverá.


Luther não pretendia abandonar a Igreja, mas sim reformá-la. Reformar as medidas doutrinárias e o modo de se entender as Escrituras. Lutero pretendia abolir o modo quadrilátero de se interpretar as Escrituras. Este modo quadrilátero é baseado em quatro modos de se compreender e interpretar as Escrituras. (Nota de Rodapé: Conforme: BRAKEMEIER, Gottfried. A autoridade da Bíblia: Controvérsias – Significado – Fundamento. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal; Centro de Estudos Bíblicos, 2003. p. 40.) O primeiro modo era por meio da alegoria (Nota de Rodapé: Para mais informações sobre este modo de interpretação: GUNNEWEG, Antonius H. Hermenêutica do Antigo Testamento. São Leopoldo: Sinodal; Escola Superior de Teologia, 2003. p. 31-34.;), o segundo é por meio da literalidade, o terceiro é por meio do sentido moral e, por fim, o quarto meio resguarda-se a interpretar os textos sob uma perspectiva escatológica.


Luther, aboli, na teoria, a interpretação da Escritura por meio de três desses meios. Ele aboliu o meio alegórico, o meio moral e o meio escatológico. Contudo, manteve a interpretação literal. Mas, como citado anteriormente, Luther acabou por fazer isto somente na teoria, pois na prática ele abrange também estes outros pontos. Porém, ele intitula este novo modo de interpretação de Interpretação Cristológica (Nota de Rodapé: Para mais informações sobre esta interpretação: GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994. p. 307-311.; HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. 7. ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003. p. 187-189.; BRAKEMEIER, Gottfried. A autoridade da Bíblia: Controvérsias – Significado – Fundamento. 2. ed. São Leopoldo: Sinodal; Centro de Estudos Bíblicos, 2003. p. 42.),ou seja, ele buscava dentro da Escritura aquilo que aponta para Cristo. Deste modo Luther conclui que Jesus é o centro da Escritura e que toda Ela aponta para o Cristo.

O marco histórico no qual podemos demarcar a Reforma Protestante é o dia 31 de Outubro de 1517. Neste dia Martin Luther “pregou” suas 95 teses contra as indulgencias da Igreja Católica. Este ato deu origem a todo o movimento que originou a divisão entre Igreja Evangélica e Igreja Católica. Após isto outros movimentos originaram-se de tal Reforma, como a Contra Reforma e outros eventos.

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